Utramig completa 55 anos mirando o mundo do trabalho
Fundação estadual comemora trajetória de formação profissionalizante e se prepara para as exigências dos novos tempos.
A Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) comemorou, no dia 25 de novembro, 55 anos de criação, com forte destaque na atuação para o ensino profissional. Criada com a missão de formar profissionais com foco na educação integral do cidadão, visando sua autonomia e inserção no mundo do trabalho, a história da Fundação e as projeções para o seu futuro são motivos para essa celebração.
Para a presidente, Patrícia Braga Soares Silva, uma das razões para celebrar é que mesmo em períodos desafiadores a Fundação não se afastou de perseguir sua vocação com qualidade e competência. “A persistência e a perseverança de todos que estão envolvidos com a Utramig permitiram que a instituição atravessasse essas turbulências, apontando para aquilo que oferece com excelência: educação profissional para que cada pessoa seja protagonista de sua própria história”, enfatizou. Outro motivo importante para celebrar, salienta a gestora, “ é vislumbrar um futuro ainda mais promissor para a Utramig, pois, à medida que a especialização do trabalho se intensifica, a demanda por qualificação profissional também se aquece, e, neste contexto, é muito oportuno constatar que a Fundação está preparada para ofertar cursos profissionalizantes para todos os mineiros”.
O Subsecretário de Trabalho e Emprego, Raphael Vasconcelos Amaral Rodrigues, avalia que quando se fala de educação profissional, “pensamos na ampliação da capacidade dos cidadãos em gerar seu sustento, contribuir com o desenvolvimento da nossa sociedade e, em última instância, alcançar seu potencial, viabilizar sua autonomia e viver uma vida mais digna”.
Para ele, a Fundação é sinônimo de evolução e modernização. “Grande parceira da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social no desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidência, a Utramig vem utilizando-se do Mapa de Demanda por Qualificação Profissional, desenvolvido por nossa Secretaria, para definição e pactuação de sua carteira de cursos” salientou Raphael, acrescentando a contribuição da instituição para o “Programa Descubra!”, que vai priorizar o atendimento a jovens em situação de vulnerabilidade na oferta de qualificação profissional. “Essas e outras ações são desenvolvidas em conjunto, de maneira colaborativa e sempre com foco no desenvolvimento social do nosso Estado”, elogiou o subsecretário.
Estruturada para ofertar educação profissionalizante nas mais diversas modalidades, tanto de ensino presencial quanto de ensino à distância, a Utramig está preparada para as necessidades dos tempos atuais, com diversificação no formato dos cursos e metodologias de aprendizado, especialmente neste momento atual em que estamos enfrentando uma pandemia. “A formação técnica e a qualificação profissional são pontos importantes para inserção no mundo de trabalho e serão cada vez mais fundamentais para atender às necessidades de um mercado em permanente transformação, que exige técnicos que acompanhem o desenvolvimento das tecnologias em suas diversas aplicações e profissionais com qualificações versáteis”, elenca Rogério Massensini, Diretor de Qualificação e Extensão da Utramig. Para ele, a experiência consolidada ao longo destes 55 anos, a qualidade, a variedade, a flexibilidade na oferta dos cursos e “a eficiente equipe de servidores podem garantir que a Utramig continue a ser referência em educação profissionalizante”
Hoje são ofertados seis cursos técnicos de nível médio: Análises Clínicas, Eletrônica, Enfermagem, Informática, Multimídia, Segurança do Trabalho e Sistema de Transmissão, com previsão de novas especialidades técnicas para 2021. “O curso técnico é uma forma relativamente rápida para o ingresso e recolocação do jovem ao mundo do trabalho. As rápidas transformações tecnológicas, sociais e do mundo do trabalho levaram a mudanças nos perfis de profissionais, que devem ser pessoas versáteis, qualificadas e antenadas para as novidades e exigências do mercado”, diz o diretor.
Um breve recorte da trajetória institucional
Criada em 1965, com a missão de coordenar, orientar e supervisionar o sistema de ensino técnico do Estado de Minas Gerais, a memória da Utramig mistura-se com a história do ensino profissional público em Minas Gerais. Em 1972, criava seu Centro de Educação Técnica (CET), com base na Lei Federal nº 4.024 de 1961, destinado a formação de professores em disciplinas específicas do ensino técnico, quando existiam apenas 8 CETs em todo país: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Brasília, Minas Gerais (Utramig), Nordeste, Amazônia e Bahia. A partir de então, convivia na Utramig as duas principais modalidades de oferta de cursos profissionalizantes em que a Fundação se especializou: a habilitação profissional de estudantes de 2º grau e a formação de profissionais para o trabalho docente.
A partir de 1977, a Fundação passa a firmar convênios com outras instituições ampliando a oferta de cursos para além de Belo Horizonte. Naquele ano, houve a autorização de funcionamento das habilitações profissionais, em nível de 2º grau, em Sabará. Em 1979, há a criação do Centro Técnico Interescolar da Utramig – CINTER/UTRAMIG, destinado à formação de jovens e adultos para o exercício profissional de atividades técnicas na indústria, comércio e serviços, em regime de Inter complementaridade com estabelecimentos de 2º grau e a Fundação se fez presente ampliando a oferta de seus cursos técnicos de nível médio para os municípios de Vespasiano (1980), Nova Lima (2006), Lagoa Santa (2010) e Uberlândia (2014).
Em 2015, deu-se início à oferta de cursos técnicos de nível médio na modalidade EAD na Utramig, o que possibilitou ampliar ainda mais as nossas ações.
Ao longo dos seus 55 anos, a Utramig já formou mais de 47.000 técnicos, habilitou mais de 3.500 professores e ofertou mais de 16.000 cursos de capacitação de curta duração, presenciais e a distância, atuando em mais de 350 municípios do nosso Estado.
Qualificação profissional para todos
Além de reconhecida como escola técnica, a Utramig também é referência na execução de cursos de qualificação profissional. Ao longo dos 55 anos, a Fundação ofertou cursos presenciais de curta duração em todas as regiões mineiras. O percurso destas capacitações ofertadas seguiu as dinâmicas de trabalho e renda de cada época e região: de manejo de galinhas para comunidades tradicionais a programação mobile para jovens em situação de vulnerabilidade, a Utramig realizou cursos focados na realidade do aluno e em sintonia com as políticas públicas de promoção de emprego e melhoria de vida.
“A qualificação profissional tem entre suas funções iniciais a de abrir horizontes, de vislumbrar outras possibilidades”, pontua a presidente da Utramig. Ela acrescenta que, neste sentido, os cursos de qualificação têm um papel fundamental para o cenário atual, em que muitas pessoas perderam empregos e formas de ganhar a vida. Para Patrícia Braga, “a qualificação profissional abre novas possibilidades de trabalho, de renda e devolve a autoestima, ainda mais depois desse período, em que algumas funções praticamente deixarão de existir”.
Patricia Braga explica que a Utramig já tem quase mil vagas pactuadas no Ministério da Educação (MEC), pelo Programa Novos Caminhos. “Esperamos em 2021 estar com a Fundação cheia de alunos, assim que for permitido o retorno presencial das atividades – ou mesmo continuando com o ensino remoto. Além disso, estamos intensificando, em conjunto com a Subsecretaria de Trabalho e Emprego da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese), a articulação entre os diversos atores da Rede de Educação Profissional de Minas Gerais e outras iniciativas do governo com foco na educação profissional, como o projeto Minas Programando, que é uma das estratégias que vai atuar na redução das desigualdades, evidenciadas a partir dos estudos do Caderno Setorial de Emprego e Qualificação. A iniciativa visa a formação e qualificação de programadoras, desenvolvedoras e outras profissionais do segmento de Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC)”, disse a presidente.
Histórias que se entrelaçam na Utramig
Muitas vidas foram atravessadas pelos 55 anos da Utramig, mas nenhuma tanto quanto a de Geralda de Fátima dos Santos – ou Fatinha, como é conhecida por todos, que vivenciou toda a sua trajetória profissional na instituição. A mãe trabalhava na Utramig, quando ainda era na rua Joanésia e levava os filhos ao serviço aos sábados para depois passear pela cidade.
A proximidade que marcou a infância se aprofundou na adolescência: período no qual cursou o ensino médio, antigo 2º grau, e o técnico. “Entrei para estudar na Utramig em 1983, para fazer o curso técnico de Patologia Clínica”, conta Fatinha, fazendo questão de frisar que “apesar de ser filha de funcionária, não tinha nenhum privilégio em relação aos professores e demais funcionários”.
A conclusão desta etapa na Utramig coincide com uma nova fase na vida: o nascimento do 1º filho, Rafael. “Eu fui mãe logo após a formatura, o que me impediu de fazer o estágio do curso, pois quem havia tido filho há pouco tempo não podia trabalhar em laboratório”, detalha. Neste momento, a Utramig abre as portas novamente para ela. “Abriram uma cantina terceirizada na escola, e me convidaram para trabalhar lá. Aceitei e já voltei pra Utramig”.
Depois da cantina, Fatinha foi trabalhar como office-girl e, posteriormente, de telefonista. “Me dei muito bem nesta área. A telefonista era como a secretária hoje, todas as ligações passavam por mim. Gostava porque me comunicava com todo mundo. Muitas pessoas me elogiavam, então ficava bem feliz com esse reconhecimento”, relembra. Em 2011, mais uma mudança: área de Pessoal.
Trabalhar em vários setores, desempenhando distintas funções é uma marca no histórico de atuação de diversos servidores e ex-servidores.
Quando questionada sobre o que é a Fundação em sua vida, Fatinha não poupa adjetivos: “a Utramig é tudo. Eu não conheci outro lugar. Eu comecei a estudar. Conheci meu marido aí. Tive meus filhos trabalhando na Utramig. Só conheço a Utramig na minha vida. Foi uma experiência maravilhosa. E fico até com medo de aposentar, pois todas as alegrias que tive na minha vida teve a Utramig por trás. Logicamente, não foram só momentos felizes, mas mesmo os difíceis me ajudaram também”.
O futuro da Utramig
A presidente Patrícia Braga acredita que, assim como todas as instituições, a Utramig deve estar atenta aos movimentos da sociedade, e deve buscar novas formas de financiamento para o ensino profissionalizante, além de “manter atualizada a oferta de cursos de acordo com as demandas da sociedade e ampliar a oferta de ensino a distância, especialmente para cursos técnicos e de qualificação. Outro desafio é alinhar a oferta de cursos ao projeto do Novo Ensino Médio, que dá mais autonomia para o aluno escolher o que deseja estudar”.
Patrícia destaca que as ações implementadas atualmente, como a readequação dos cursos ofertados e a organização dos processos internos, vão permitir que a Utramig complete 60 anos ainda mais fortalecida. A presidente acredita que a Fundação vivenciará muitas formaturas, momento considerado especial “O momento de formatura sempre foi especial para mim, desde o tempo em que propunha e executava os cursos de qualificação como servidora da Diretoria de Qualificação e Extensão. A celebração de certificação dos alunos geralmente é acompanhada de uma sensação de dever cumprido, de ter dado a melhor destinação possível aos recursos públicos, investidos em educação e na geração de trabalho e renda do Estado. Além disso, a alegria e gratidão dos alunos e familiares, revigora nossos ânimos e nos enche de estímulos positivos para continuar e aperfeiçoar nossa ação de formar novos profissionais e cidadãos, dando a possibilidade de mais pessoas enxergarem um novo horizonte”.