Moradoras de ocupações formam-se empreendedoras em curso de qualificação oferecido pelo Estado



Mulheres aprendem ofício em cursos da Utramig e agora vão costurar roupas de cama para hospitais de BH. Solenidade de diplomação foi marcada pela emoção

 

A secretária de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha, e o presidente da Utramig, Lindomar Gomes, presidiram nesta sexta-feira (6/1) a solenidade de formatura do curso de qualificação em costura reta e overloque Pronatec/FIC/Mulheres Mil. As alunas do programa, todas mulheres em situação de vulnerabilidade, são moradoras das ocupações Rosa Leão e Dandara, ambas localizadas na periferia de Belo Horizonte e, em sua maioria, beneficiárias do Programa Bolsa Família.

A cerimônia, com direito a um desfile protagonizado pelas próprias formandas, com as roupas criadas e confeccionadas por elas no decorrer do curso, foi marcada pela emoção de quem recebeu um diploma pela primeira vez na vida. Durante dois meses, as mulheres frequentaram as aulas, onde aprenderam não somente a costurar, mas também receberam noções de empreendedorismo, de Português, Matemática, Direito, saúde da mulher e economia solidária.

Dirigidos a mulheres em situação de vulnerabilidade, os cursos do Programa Mulheres Mil são uma iniciativa inédita do Governo de Minas Gerais e estão sendo realizados pela Utramig em vários territórios de desenvolvimento do estado. Com início em outubro passado, os cursos já qualificaram 380 mulheres.

Em Belo Horizonte, ancoradas nas aulas de empreendedorismo, as alunas já estão em pleno exercício de suas mais novas funções, por iniciativa das professoras Íris da Conceição Cordeiro Silva e Cláudia Aparecida Teixeira. Elas abriram um pequeno ateliê na garagem da casa de uma delas e estão costurando lençóis e fronhas para o Hospital da Baleia.

“É uma emoção muito grande receber este diploma, o primeiro da minha vida, já que não tive condições de estudar. Já tenho quase 60 anos e estou orgulhosa de mim mesma, eu me superei”, comemorou Maria do Carmo Caetano Rodrigues, moradora da Ocupação Rosa Leão.

Maria da Penha da Silva, uma das alunas, também não cabia em si de contentamento. “Eu tinha depressão e com o curso estou muito melhor. Aprendi não somente a cortar e a costurar, mas também a conviver com minhas colegas. Foi muito bom”.

Outra aluna, Ana Paula Dias, sonha alto: “Quero terminar o ensino médio, fazer faculdade de moda, quem sabe me tornar um nome reconhecido internacionalmente”.

Um novo olhar para o social

Para a secretária Rosilene Rocha, a formatura representa a concretização das diretrizes traçadas pelo governador Fernando Pimentel de dirigir o olhar para comunidades esquecidas pelos governos anteriores e de atuar longe do ar condicionado e dos carpetes dos gabinetes.

“Além da qualificação, elas receberam uma formação cidadã”, destacou o presidente da Utramig, Lindomar Gomes. Segundo ele, o Mulheres Mil vem ao encontro do programa do Governo Fernando Pimentel de proporcionar oportunidades àqueles que historicamente foram esquecidos.

“O Programa Mulheres Mil atende, por meio de uma metodologia específica, mulheres em situação de vulnerabilidade e responde por uma formação de mulheres chefes de famílias, beneficiárias do Bolsa Família e vítimas de violência, transformando-as em protagonistas de sua própria história”, ressaltou Gomes.

Para a diretora de Qualificação e Extensão da Utramig, Vera Victer, a relevância dos cursos é que, além de suprirem lacunas básicas de Português e Matemática, abordam conhecimentos específicos necessários às mulheres para que sejam inseridas no mercado de trabalho e possam sair da situação de vulnerabilidade”.

Mulheres Mil

O objetivo dos cursos “Mulheres Mil” é possibilitar o acesso, com exclusividade, de mulheres historicamente em situação de pobreza e vulnerabilidade à educação profissional e tecnológica.

O público desta política são as mulheres a partir de 16 anos, chefes de família, em situação de pobreza, cadastradas ou em processo de cadastramento no CadÚnico, em vulnerabilidade e risco social, vítimas de violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, com escolaridade baixa ou defasada.

Em Minas, o Governo ofertou 19 turmas em 11 municípios, principalmente nas áreas mais pobres do estado, totalizando 380 vagas exclusivas para mulheres.

Os cursos se concentraram nas áreas de Alimentação (Preparador de Doces e Conservas; Auxiliar de Confeiteiro), Artesanato (Artesão de Biojóias e Costureiro de Máquina Reta e Overloque) e Administração (Promotor de Vendas e Assistente Administrativo). Com carga horária mínima de 160 horas e máxima de 200 horas, tiveram início em outubro de 2016.

Para executar o curso de costureira, a Utramig contou com diversas parcerias. Além da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese), à qual é subordinada, participaram a Prefeitura de BH, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras); a PUC Minas; a Escola de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o CMRR.

Fonte: http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/moradoras-de-ocupacoes-formam-se-empreendedoras-em-curso-de-qualificacao-oferecido-pelo-estado